Exercício Físico Seguro para Diabéticos

Se você tem diabetes, o exercício é uma das melhores ações que você pode fazer pela sua saúde.

Por Iago Lima em Exercício é Remédio

9.maio.2019 · 20 mins para ler

Pode melhorar a sua sensibilidade à insulina e ajudar a construir músculos e a eliminar o excesso de gordura, o que ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue sob controle.

Segunda a Sociedade Brasileira de Diabetes, a diabetes mellitus consiste em um distúrbio metabólico caracterizado por altas concentrações de glicose no sangue, decorrente de deficiência na produção de insulina ou na sua ação. Estão presentes anormalidades que afetam os metabolismos de carboidratos, proteínas e gorduras1.

Existe uma estimativa que 46% dos portadores de diabetes desconhecem o diagnóstico da doença e, a prevalência global da diabete mellitus gira em torno de 8,3% (cerca de 415 milhões) de portadores mundialmente2. A expectativa de crescimento para o ano de 2030, e podendo atingir um percentual ainda maior 18,4% na população mais idosa3

Dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 16 milhões de brasileiros sofrem de diabetes. Entre 2006 e 2016, o número de brasileiros com diabetes aumentou 61,8%. Isso significa que a doença passou de atingir 5,5% da população e, agora, atinge 8,9% das pessoas. Entre as mulheres, o índice é de 9,9% e, entre os homens, de 7,8%. Os dados são da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde4.

Ressaltamos que o panorama da doença não é muito favorável se considerarmos que mais de 20 milhões de adultos apresentam teste de tolerância oral à glicose alterado, mais 13 milhões têm glicemia de jejum aumentada e cerca de 40 milhões já possuem diagnóstico estabelecido de síndrome metabólica5. Esses indivíduos são classificados como pré-diabéticos e estão em maior risco para o desenvolvimento da doença, se não for adotado medidas preventivas que inclui a modificação do estilo de vida67.

A diabetes é uma epidemia global e o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking dos países com o maior número de casos, atrás de China, Índia e Estados Unidos8. Vários fatores desempenham papel importante para este crescimento em países em desenvolvimento: obesidade, sedentarismo, alimentação inadequada. Além disso, as complicações (retinopatia, doença renal da diabetes, amputações, infartos e derrames) ainda são frequentes embora dados de mortalidade tenham apresentado uma pequena queda.

O aumento da prevalência da diabetes está associado a diversos fatores, como: rápida urbanização, transição epidemiológica, transição nutricional, maior frequência de estilo de vida sedentário, maior frequência de excesso de peso, crescimento e envelhecimento populacional e, também, à maior sobrevida dos indivíduos com diabetes.


O Que é Diabetes?

A Diabetes ou Diabetes Mellitus é uma síndrome metabólica caracterizada pela elevação da glicose no sangue, ou seja, hiperglicemia, sua origem é múltipla e sua consequência é a falta de um hormônio chamado insulina ou a incapacidade de a insulina atuar adequadamente no organismo favorecendo o aumento do açúcar no sangue.

É uma doença do metabolismo da glicose causada pela falta ou má absorção de insulina, isso ocorre porque o órgão do pâncreas possui células betas que não conseguem produzir esse hormônio em quantidades suficientes. Da mesma forma, o hormônio pode não estar operando de maneira correta ocasionando uma resistência à insulina. Cuja função é quebrar as moléculas de glicose para transformá-las em energia, a fim de que seja aproveitada por todas as células.

A função principal da insulina é possibilitar a entrada de glicose para as células do organismo, para que atuem em diversas atividades celulares. A insulina também promove a redução da glicemia, permitindo que o açúcar presente no sangue possa adentrar nas células, sendo usados como fonte de energia. A falta de hormônio ou uma falha em sua ação, resulta em acúmulo de açúcar ou glicose no sangue, o que é conhecido por hiperglicemia e consequentemente diabetes, que pode ser segmentado nas seguintes opções:

Tipo I

Embora seja mais comum em crianças ou jovens, pode aparecer em qualquer idade. Este tipo de diabetes é fruto da destruição das células beta como foi citado, e estão localizadas no pâncreas. Isso pode ocorrer por um processo imunológico, ou seja, o organismo pode estar produzindo anticorpos contra essas células, ocasionando em deficiência de insulina.

Esses anticorpos podem ser detectados em exames de sangue, são eles: ICA, IAAS, GAD e IA-2, eles estão presentes em cerca de 90% de resultado de exames que foram diagnosticadas com Diabetes Tipo I. Alguns sintomas desse tipo podem ser: sede e fome excessivas, diurese, emagrecimento, cansaço e fraqueza. É importante o diagnóstico rápido para não resultar em desidratação severa, vômitos, dificuldades respiratórias e até mesmo coma.

Quando ocorre agravamento ou coma podemos dizer que ocorreu um Cetoacidose Diabética o que leva o doente a internação.

Tipo II

Este tipo de diabetes é o de maior incidência, cerca de 90% dos casos diagnosticados são do tipo II. Nestes casos a insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, no entanto, sua ação é inibida, resultando numa resistência à insulina. Assim o aumento de produção da insulina é provocado para manter o a glicose em níveis normais. Porém, em um dado momento isso não será mais possível, surgindo a diabetes.

Esse processo é lento e os sintomas como sede, aumento da diurese, problemas visuais, dores nas pernas demoram a aparecer. Por isso, muitas pessoas retardam para procurar ajuda médica e fazer exames. Quando não diagnosticado a tempo, a diabetes tipo II pode se agravar e também ocasionar em um coma.

As pessoas mais suscetíveis a contraírem o diabetes tipo II são as que tiveram um aumento de peso significativo, obesos, pessoas acima de 50 anos de idade, pessoas que consomem gordura e carboidratos em excesso inclusive crianças e adolescentes e pessoas sedentárias com alimentação desequilibrada.

Diabetes Gestacional

Como o próprio nome diz, este tipo de diabetes costuma parecer durante a gestação, não raro, e é transitório, ou seja, desaparece ao término da gravidez, porém, as vezes isso não acontece. Desse modo, é importante a paciente ser acompanhada mesmo depois da gestação para tratamento adequado.

Geralmente a diabetes é descoberto no terceiro trimestre da gravidez através do exame de sangue. Existe um exame chamado curva glicêmica ou teste de tolerância oral a glicose que a gestante faz duas vezes em períodos distintos da gestação

Este teste é feito para observar se a insulina está trabalhando corretamente, pois durante a gestação existem muitas mudanças hormonais, que podem afetar o bom funcionamento da insulina. Além de mulheres mais propícias a desenvolverem a diabetes são elas:

  • Gestantes que tiverem história prévia de diabetes gestacional;
  • Sofreram abortos anteriormente;
  • Má formação fetal;
  • Hipertensão arterial;
  • Histórico familiar com diabetes.

E para esses grupos é necessário fazer acompanhamento especial e fazer os exames o quanto antes.


Sinais e Sintomas da Diabetes

Estamos falando de uma afecção silenciosa. Ou seja, na maioria dos casos, os sintomas abaixo aparecem somente quando já evoluiu bastante. Partir disso o porquê de checar o nível de glicose no corpo de tempos em tempos.

De qualquer jeito, atenção a:

  • Sede constante;
  • Boca seca;
  • Vontade de urinar a toda hora;
  • Perda de peso;
  • Formigamento em pernas e pés;
  • Feridas que demoram a cicatrizar;
  • Cansaço frequente.

Causas e fatores de risco

  • Excesso de peso;
  • Acúmulo de gordura abdominal;
  • Predisposição genética;
  • Idade acima de 45 anos;
  • Sedentarismo;
  • Apneia do sono;
  • Diagnóstico de pré-diabetes;
  • Pressão alta;
  • Mulheres que tiveram diabetes gestacional ou que deram à luz bebês com mais de 4 quilos;
  • Síndrome do ovário policístico;
  • Dieta desregrada, com abuso de gordura saturada (carne vermelha e produtos industrializados) e carboidratos simples (pão, arroz, macarrão do tipo não integral).

Tratamento gratuito

De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente: atenção integral e gratuita contra a doença, com ações de prevenção, detecção, controle e tratamento medicamentoso. “Para monitoramento do índice glicêmico, ainda está disponível nas unidades de Atenção Básica de Saúde, reagentes e seringas”.

Medicamentos gratuitos também podem ser obtidos por meio do programa Aqui Tem Farmácia Popular, parceria do Ministério da Saúde com mais de 34 mil farmácias privadas. Para diabetes, estão disponíveis o cloridrato de metformina, glibenclamida e insulinas.


A importância do Exercício Físico no tratamento de Diabetes

Primeiramente, consulte o seu médico antes de iniciar ou alterar uma rotina regular de exercício físico. Isso é especialmente importante se você estiver com sobrepeso ou tiver um histórico de doença cardíaca, doença vascular periférica ou neuropatia diabética.

Para pessoas com 35 anos ou mais e com diabetes há mais de 10 anos, as diretrizes atuais recomendam uma visita ao seu médico para discutir seus planos antes de iniciar um programa regular de exercícios. A Diabetes Mellitus é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia (elevação da glicose sanguínea) e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente como: olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos segunda a Organização Mundial de Saúde9.

O exercício físico é considerado uma importante conduta não farmacológica que deve ser amplamente recomendada em associação ao tratamento clínico em indivíduos com Diabetes Mellitus. Antes de iniciar a prática regular de exercícios é importante realizar inicialmente as avaliações médicas e de capacidade física, e em seguida, a prescrição de forma individualizada dos exercícios por um Professor de Educação Física especializado em diabetes.

A prática continuada de exercícios ocupa um papel de destaque na prevenção e tratamento da diabetes. No entanto, como qualquer conduta terapêutica, os riscos e benefícios precisam ser ponderados nessa doença.

Durante o exercício físico, os músculos ativos aumentam o consumo de substratos energéticos, como glicose e gordura, que são fornecidos pelas reservas intramusculares, mas também são captados da circulação sanguínea10. Se for considerado apenas esse aspecto, a glicemia tenderia a diminuir durante o exercício, no entanto, durante a realização do esforço, esses substratos são continuamente fornecidos à circulação pelo fígado e tecido adiposo. Desse modo, o indivíduo consegue manter a concentração sanguínea de glicose (glicemia) relativamente constante durante o exercício, proporcionando um ótimo funcionamento do organismo e a capacidade física desenvolvida11.

Acontecem processos internos de mobilização, transporte, captação e utilização de glicose e gordura, o sistema endócrino é responsável por essa função. A concentração de insulina diminui e as concentrações de hormônios contrarreguladores à insulina (glucagon, hormônio do crescimento, cortisol e catecolamina) aumentam. Essa resposta hormonal é fundamental para que a glicemia seja mantida constante, pois ela permite que o fígado aumente a liberação de glicose para a circulação na mesma proporção que os músculos ativos aumentam a captação de glicose do sangue.

A participação continuada em atividade física melhora a glicemia e pode prevenir ou retardar o aparecimento de Diabetes Mellitus Tipo 21213.

Dieta e exercício físico são fundamentais ao controle e prevenção de Diabetes Mellitus Tipo 2 porque auxiliam o tratamento associado das anormalidades sanguíneas de glicose, lipídios e pressão arterial, assim como ajudam a perda e a manutenção do peso corporal14.


Alimentação Pré, Durante e Pós Treinamento

Em geral, a melhor hora para se exercitar é de uma a três horas depois de comer, quando seu nível de açúcar no sangue é provável que seja maior. Se você usa insulina, é importante testar seu nível de açúcar no sangue antes de se exercitar. Se o nível antes do exercício estiver abaixo de 100 mg / dL, comer um pedaço de fruta ou um pequeno lanche irá aumentá-lo e ajudar a evitar a hipoglicemia. O teste novamente 30 minutos depois mostrará se o nível de açúcar no sangue está estável.

Por causa dos perigos associados a diabetes, use sempre uma pulseira de alerta médico indicando que você tem diabetes e se você toma insulina. Além disso, mantenha comprimidos de açúcar ou glicose com você durante o exercício, caso seu açúcar no sangue caia precipitadamente.


Quais recomendações eu devo seguir?

Parte da explicação para a falha no funcionamento do pâncreas está na genética. Mas o gatilho para o diabetes tipo 2 está fortemente associado ao estilo de vida.

Maus hábitos alimentares e sedentarismo desencadeiam uma das principais causas da doença, a obesidade. Como o ganho de peso favorece a resistência à insulina, uma das principais medidas para evitar o problema é não permitir a subida do ponteiro da balança.

E isso vale também para as crianças, que não estão livres da encrenca, embora o aparecimento do diabetes tipo 2 se dê sobretudo em pessoas acima dos 45 anos.

Manter-se no peso ideal, portanto, é prioridade para afastar a ameaça. Mais importante ainda é ver diminuir a circunferência da cintura, o excesso de gordura abdominal e um conjunto que envolve hipertensão, excesso de triglicérides, baixo nível de colesterol bom. Todos esses fatores são capazes de interferir com a ação da insulina.

Procure manter sua forma ativa de viver!


Referências

  1. Impact of diabetes on cardiovascular disease risk and all-cause mortality in older men: influence of age at onset, diabetes duration, and established and novel risk factors.

  2. International Diabetes Federation. IDF Diabetes Atlas [Internet]. 7th ed. Brussels, Belgium: International Diabetes Federation; 2015 [accessed 2017 Jun 27]. Available from: http://www.diabetesatlas.org/resources/2015-atlas.html

  3. Global estimates of the prevalence of diabetes for 2010 and 2030.

  4. Os dados são da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde. Acessado em: http://www.brasil.gov.br/noticias/saude/2017/11/numero-de-brasileiros-com-diabetes-cresceu-61-8-em-10-anos.

  5. Traveller health: prevalence of diabetes, pre diabetes and the metabolic syndrome.

  6. Assessing the cost-effectiveness of drug and lifestyle intervention following opportunistic screening for pre-diabetes in primary care.

  7. A nationwide community-based lifestyle program could delay or prevent type 2 diabetes cases and save $5.7 billion in 25 years.

  8. Epidemiology & research from International Diabetes Federation (2015).

  9. https://www.who.int/gho/publications/world_health_statistics/2012/en/

  10. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1742-1241.2010.02581.x

  11. https://us.humankinetics.com/products/exercise-metabolism-2nd-edition

  12. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11333990

  13. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12610001

  14. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17126770

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